CANTOR LUIZ PAULO: Bendize, ó Minha Alma

sábado, 1 de julho de 2017

Bendize, ó Minha Alma


“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia, que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.” Salmos 103:1-5

Detendo 150 capítulos, o livro de Salmos é, de longe, o mais longo na Bíblia. É composto de canções, poesias e declarações sobre os mais variados temas – desde lamentos e choro pelo pecado ao maravilhar-se ante a Soberania do Senhor.


Em todos esses salmos encontramos os mais variados autores. Moisés, Davi, os filhos de Corá e vários outros homens integram essa lista. O Salmo 103, por exemplo, que será objeto deste texto, tem a autoria atribuída ao rei de Israel, aquele que era “segundo o coração de Deus”, Davi.

De acordo com a Bíblia de Estudo da Reforma, o salmo em questão tem sua estrutura dividida em 4 partes, a saber:

Vs. 1-5, o indivíduo louva ao Senhor; vs. 6-14, toda a comunidade é convocada a louvar; vs. 15-19, a vida humana contrastada com a natureza eterna de Deus; vs. 20-22, convoca toda a criação a honrar ao Senhor.

É precisamente sobre esta primeira parte, onde o indivíduo louva ao Senhor, que desejo esboçar algumas palavras. Pretendo trabalhar sobre quatro pontos de extrema importância que encontramos nestes cinco versículos: “o que é bendizer ao Senhor?”, “devemos bendizê-Lo pelo perdão a nós dado”, “devemos bendizê-Lo pela cura de nossas enfermidades”, e “devemos bendizê-Lo pela prosperidade alcançada”.

De início, então, o que é “bendizer ao Senhor”?

Davi, logo no começo do salmo, convoca todo seu ser para bendizer ao Senhor. Porém, afinal de contas, o que é isso? Seria o louvar Seu Santo Nome? Falar coisas boas acerca de quem Deus é, e de Suas características?

Segundo o dicionário online de português que consultei, Dicio, a definição de “bendizer” responde esses questionamentos apresentados acima, já que se trata de uma atitude de “enaltecer, falar coisas boas sobre” e “estar grato por uma graça alcançada” ou pelos “milagres oferecidos”. Ora, não é precisamente isso que precisamos fazer diariamente para com nosso Deus?

O apóstolo Paulo, ao escrever sua primeira carta à igreja de Tessalônica, deixa claro em seu quinto capítulo e versículo de número 18, “em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.

Ser agradecido a Deus por todas as coisas, “por todos os seus benefícios”, é, independente da situação em que nossa vida se encontra, independente dos males que nos rodeiem, conseguir olhar aos céus e dizer, assim como Jó fez, que sabemos que o nosso Redentor vive (Jó 19.25).

Devemos ser gratos a Deus pelos dias calmos em nossas vidas, pelas pescas tranquilas e mares pacíficos que nos cercam, mas precisamos entender que há necessidade de gratidão também pelas tempestades do cotidiano, pela rede vazia e mar em tormenta que ameaça afundar nossa pequena embarcação, já que estes nos aproximam com mais facilidade do Porto Seguro de nossas almas, e nos ensinam muito sobre o Criador dos mares.

Como vimos, “bendizer” a Deus não é apenas ser grato a Ele, mas também “elogiá-Lo”, “enaltecê-Lo”. Umas das maneiras mais comuns que o ser humano encontra para demonstrar amor, afeto, carinho e quaisquer outros sentimentos – infelizmente até mesmo os ruins – é através das palavras ditas. Em nosso relacionamento com Deus isso não deve e não pode ser diferente.

Por diversas vezes na bíblia o povo de Deus, a Igreja, os Seus filhos, toda a criação são convocados para louvar ao Senhor, para reconhecer Sua Grandeza, Majestade Domínio, Poder, Misericórdia, Amor, Soberania. Vemos, em outras passagens, anjos que constantemente voam ao redor do trono do Rei dos reis e clamam, em alto e bom som, louvores ao Eterno (Is 6.3). O salmo 19, por exemplo, nos mostra como a criação reconhece a glória de seu Criador.

Acredito que é necessário citar, novamente, o apóstolo Paulo, em um dos momentos mais poéticos de sua carta aos irmãos de Roma, quando escreve:

“Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! “Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? ” “Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?” Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” Rm 11.33-36

Que nosso “bendizer” ao Senhor seja recheado de palavras doces de amor e reconhecimento de sua glória, bem como de agradecimento.

Devemos bendizê-Lo pelo perdão a nós dado.

Não é possível falar de qualquer coisa da vida cristã sem antes entender que o que nos faz estar aqui hoje, vivos, é a misericórdia de Deus. Em um dos pontos do Calvinismo, logo no começo do estudo sobre as Doutrinas da Graça, aprendemos uma importantíssima lição acerca da “depravação total”.

Essa doutrina bíblica nos ensina que o homem foi contaminado pelo pecado de tal forma que todas as áreas de sua vida deixaram de ser como no início, no Éden. A forma de agir, pensar, ver, falar, tudo foi contaminado pelo erro. Assim, o homem está completamente separado de Deus. Nada do que ele faça é capaz de aproximá-lo novamente de seu amado Criador. Inclusive, sua natureza foi tão adulterada pelo pecado que o “homem natural”, aquele que ainda não foi regenerado pelo Espírito Santo”, milita contra o Senhor.

Com isso em mente, acredito que torna-se claro o motivo de sermos gratos ao Pai pelo perdão: estamos vivos, fomos eleitos para viver a eternidade ao lado de nosso Criador, somos amados pelo Pai e temos a honra de servi-Lo. Não há algo mais excelente que possa ser vivenciado pelo homem enquanto aqui viver.

O perdão de Deus é o marco inicial para qualquer outra bênção que pode ser alcançada pelo cristão. Não nego a existência da Graça comum, ou do simples fato de que a chuva cai tanto para o justo quanto para o injusto, mas afirmo sem medo que não há benefício maior, mais belo e digno de louvor que a salvação a nós dada pelo Eterno.

A salvação vem do Senhor (Jn 2.9) e ocorre mediante a fé em Cristo Jesus, que é um presente dado pelo Criador a homens e mulheres caídos, miseráveis, desgraçados, conforme relata o apóstolo Paulo aos efésios, de modo específico no capítulo 2 desta epístola. Que sejamos gratos ao Pai por isso, lembrando de bendizê-lo por tanto.

Devemos bendizê-Lo pela cura de nossas enfermidades

Outro ponto que merece atenção é o zelo do Senhor para com nossas vidas. Não falo neste momento das bênçãos materiais alcançadas nem do alimento que Ele permite chegar a nossas mesas, mas sim de Seu cuidado e Sua atenção para com nossa saúde, corpo e bem estar físico, emocional e psicológico.

Quando olhamos para a criação, devemos entender que o Senhor fez tudo de forma boa e agradável a Ele. Em Gênesis, logo após pecar, Adão e Eva são presenteados pelo Pai com vestes que lhes permitissem cobrir suas vergonhas (Gn 3.21). Evidente que há um significado por trás desse ato do Soberano, demonstrando que apenas Deus é capaz de cobrir de fato as vergonhas e misérias humanas, mas a atitude por si mesma demonstra o cuidado do Criador para com sua criação.

Por conta do pecado é que conhecemos a impureza, dor, sofrimento, velhice e morte. Paulo deixa claro aos de Roma que a morte entra no cenário da criação por conta das portas escancaradas ao pecado (Rm 5.12). Porém, da mesma forma que o Salvador cuida de nos dar a vida eterna, Ele também zela para que possamos viver “no plano horizontal”. Vemos a provisão e cuidado do Senhor, por exemplo, com Agar (Gn 21.8-20) e Elias (1Rs 19.1-8) quando ambos, no deserto, foram alimentados pelo Pai.

Bendizemos ao Senhor porque Ele sara nossas enfermidades, nos preserva da morte e nos sustenta quando na aflição.

Devemos bendizê-Lo pela prosperidade alcançada

Esse ponto, as vezes, acaba sendo confundido e mesclado com o anterior – e talvez até mesmo eu tenha feito isso nesse texto. É comum juntarmos o zelo do Criador para com nossas vidas e bem estar físico com o prover cuidadoso do Pai quanto aos bens necessários para que possamos viver.

Quando digo que devemos bendizer ao Senhor pela prosperidade alcançada, desejo de pronto dizer que não há uma gota de concordância nessa frase com a famigerada teologia da prosperidade. Há sim prosperidade bíblica, mas não à maneira neopentecostal.

Essa prosperidade a qual devemos ser gratos é encontrada, pela primeira vez, em Gênesis, quando o Senhor afirma a Adão que seria com o trabalho, suor do rosto, que o sustento alcançaria a casa do homem (Gn 3.17-19). O trabalho, em si mesmo, não é uma punição pelo pecado, até porque essa instituição já existia antes da queda (Gn 2.15), mas sim um meio pelo qual o homem pode prover o sustento para sua família, prosperar de forma correta e valorizar aquilo que recebe.

Paulo, ao escrever sua primeira carta a Timóteo, deixa claro que o trabalhador é digno de receber seu salário (1Tm 5.18), e o próprio Cristo contou parábolas e histórias utilizando-se do trabalho – e de trabalhadores – para exemplificar o que desejava deixar claro, como em Lc 20.9-16 e Mt 20.1-16.

Ainda, além de entendermos que a prosperidade bíblica é alcançada através do esforço de nossas mãos ao trabalharmos e exercermos nossas funções para glória do Pai, devemos compreender que ela está em segundo plano. Cristo é claro ao dizer que o Reino de Deus e sua justiça devem ser prioridade em nossas vidas.

“Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? “Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir? ’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal”.” Mt 6.25-34

Nessa passagem o Mestre trata sobre os cuidados da vida, as preocupações e coisas que fogem de nosso controle, porém deixa claro que o que nos for necessário, Deus há de prover.

Afinal, Deus é nosso Pai, e precisamos vê-Lo como tal. Em outro evangelho, o de Lucas, Cristo nos diz precisamente isso.

“E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lc 11.11-13

Para bendizer ao Senhor pela prosperidade alcançada é necessário ter em mente ao menos essas duas verdades apresentadas: recebemos o necessário da parte do Senhor, e com nosso trabalho receberemos o sustento do dia a dia.

Que saibamos ser gratos ao Pai, honrando Seu santo nome e bendizendo-O todos os dias de nossas vidas.

Sob a Graça,


Daniel Rodrigues Kinchescki

FONTE: artigos.gospelprime.com.br

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