CANTOR LUIZ PAULO: Pastores pedem socorro

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Pastores pedem socorro

“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão amantes de si mesmos, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes”, 2 Tm. 3:1-5.


O texto paulino exposto acima é, segundo alguns, um vislumbre do que Paulo tinha já em seus dias, que ele considerava como “os últimos”. Seja como for, o fato é que por toda a história da Igreja os homens mostraram-se relutantes à ação do Espírito Santo.

Fosse por “conversões” políticas, convenientes e interesseiras, no período da consolidação do cristianismo como religião oficial do império romano, no século IV d.C., fosse por causa da religiosidade passando de geração a geração, na Idade Média, fosse após os questionamentos da Idade Moderna, ou a extrema subjetividade da contemporaneidade, os homens sempre se mostraram relutantes à ação do Espírito. E antes que se diga que isso se dá obviamente pelo pecado, gostaria de frisar que me refiro aos da Igreja mesmo! Portanto, o texto paulino faz-se mais atual do que nunca.

Tenho sido procurado por pastores e líderes das mais diversas denominações, os quais tem constantemente solicitado ajuda para a instrução do seu povo, a partir das lideranças, pois muitos creem que só pela instrução bíblica haverá mudança. Concordo. Mas, mais ainda, creio que a dimensão do problema atual não tem sido muito bem percebida pelos pastores.

Cientes de que precisam “dar a vida por suas ovelhas”, como descreve a Bíblia sobre “o bom pastor”, estes líderes não conseguem perceber que, atualmente, as pessoas – e falo de modo geral – vivem numa época de absoluta auto-comiseração, fruto de uma geração que aprendeu a fugir das mais mínimas responsabilidades. Sabe-se que a Igreja é uma das únicas reservas morais existentes e, a despeito de todo o esforço midiático contrário, as pessoas ainda creem em pastores e os tem, geralmente, como homens sérios, respeitáveis, cuja palavra ainda vale.

E, sabendo disto, muitos se valem da índole idônea de seus líderes (refiro-me aos verdadeiros, àqueles verdadeiramente comprometidos com o Reino), e os vampirizam, com um relacionamento “líder – liderado” doentio, baseado em uma eterna cobrança inclusive do mínimo, sem dar sequer o mínimo em troca. Resultado: líderes cada vez mais enfermos.

Sei que sempre houve isto, mas, a percepção é que a situação tem se tornado cada vez mais grave. Lembro-me de uma pesquisa, há uns dez anos, que mostrava que mais de 50% dos pastores não terminavam seus dias como pastores. Uns (e não eram poucos!) abandonavam a vocação ministerial para nunca mais voltarem. Creio que o repúdio destes à condição humana de pecaminosidade indômita também se dá pela primeira característica elencada por Paulo, a Timóteo, para ilustrar os “dias difíceis”: o narcisismo.

É uma prática egocêntrica e que está no centro do egoísmo. O narcisismo não é apenas querer para si, mas amar a si mesmo, ao ponto de não se ver mais ninguém. E, se há uma característica contundente da subjetividade pós-moderna, onde todo mundo quer falar, mas muitas vezes com pouco ou nada a dizer, é o narcisismo.

A auto-deificação do indivíduo, incentivada cada vez mais pelos veículos de comunicação de massa, através de propagandas, livros com mensagens narcisistas disfarçadas de auto-ajuda e por aí vai, é um dos maiores problemas para a Igreja, pois a mensagem do Evangelho, ensinada por líderes sérios, é a renúncia pessoal, o amor ao próximo como regra e a abnegação em prol do Reino de Deus.

Nada poderia estar mais longe do espírito do nosso tempo. Se pessoas erram, na atualidade, imediatamente fazem caras feias, para que os que naturalmente as repreenderiam, seus líderes, fiquem constrangidos e frustrados, sentindo-se – pasme – até mal, por causa da necessidade às vezes de uma simples palavra de correção. O que é esta prática, se não um dos mais fortes sintomas da auto-deificação do Homem?

Minha palavra para os líderes cansados, que se sentem frágeis, vazios e desesperançados, ante uma sociedade que insiste em posicionar-se cada vez mais contrária aos preceitos do Evangelho, é que continuem fazendo seu trabalho, sabendo que o fim da labuta não se encontra no reconhecimento humano, nas palmas após uma preleção, ou em simples palavras de elogio favoráveis a determinadas posturas que se tome.

Muito mais do que isso, o fim dar-se-á na volta do “Senhor da Seara”, conforme descreve o Evangelho nas palavras de Jesus, através de algumas parábolas, nas quais ele afirma categoricamente que o “Senhor do Reino”, o “Rei”, voltará e multiplicará àquele que tem. E o que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado! As lutas são muitas, é verdade, difíceis e até desumanas.

Nada fere mais do que a ingratidão, e vivemos em uma era de pessoas inchadas de ingratidão. Mas, é justamente neste momento que precisamos ouvir as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo, como sendo do próprio Deus para todos nós, que labutamos no Reino: “Tu pois, filho meu, fortifica-te na Graça que há em Cristo Jesus”, 2 Tm. 2:1.

Fonte: GospelPrime / por Artur Eduardo

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